13.4.12

Titanic: 100 anos do naufrágio




Majestoso como os Titãs da mitologia grega. Insubmergível diziam os jornais da época. Assim foi o lançamento do Titanic, em 10 de abril de 1912, quando o navio da companhia White Star Line realizou sua viagem inaugural de Southampton (Inglaterra) rumo a Nova Iorque. A previsão para alcançar a cidade americana era uma semana, no dia 17. Antes de rumar definitivamente para o outro lado do Atlântico, o Titanic aportou em Cherbourg, na França, e Queenstown, Irlanda, onde ainda embarcaram passageiros.

Considerado o símbolo da tecnologia do século XX, o Titanic batia todos os outros grandes barcos dos anos 20 com seu luxo e estrutura.

 Medindo 270 metros de comprimento, o navio tinha, entre outras coisas, campos de squash, piscina, sala escura para fotógrafos e elevadores. O famoso restaurante, chamado de 'Café Parisiense', era decorado ao estilo jacobino, com colunas douradas e objetos de prata finamente fabricados. O barco estava equipado, também, com o sistema Marconi, a mais nova forma de comunicação sem-fios da época.

O navio zarpou com 2.227 pessoas a bordo entre homens, mulheres e crianças, sob o comando do experiente capitão Edward J. Smith, que realizaria sua última viagem antes de se reformar. Os passageiros da terceira classe eram, na maioria, imigrantes que iam para a América em busca de uma chance de trabalho ou fugindo de um passado difícil em seus países.

Após a última parada em Queenstown, o navio seguiu viagem pelos mares do Atlântico. Para passar o tempo, alguns passageiros se divertiam dançando ao som da banda, outros faziam apostas sobre a data de chegada a Nova Iorque.


A viagem transcorreu calma durante os quatro dias. Mesmo recebendo avisos de outros navios sobre a existência de icebergs pelo caminho, o capitão Smith não se importou e dizia que o navio era grande demais para ser abatido por um iceberg. Ao contrário, a embarcação continuou navegando em sua velocidade máxima (40km/h) porque, além de ser chamado o mais luxuoso e indestrutível navio existente, os construtores queriam também que ele fosse considerado o mais rápido. Para tanto, deveria alcançar Nova Iorque em menos de uma semana, tempo previsto para a chegada.

Na noite do dia 14 de abril, o comandante Smith já tinha ido dormir e pedira ao 1º oficial, William Murdoch, que assumisse o seu posto e o avisasse de qualquer imprevisto que ocorresse. Por volta de 23h40, o sino do cesto dos vigias tocou três vezes, indicando que algo estava no caminho do Titanic. Murdoch conseguiu ver que surgia à frente do navio uma massa escura de gelo. A ordem foi que se virasse ao máximo a estibordo e se fizesse marcha à ré a toda potência. Entretanto, a medida não foi suficiente para evitar o encontro entre o barco e o iceberg. Parte da massa de gelo arranhou o casco da embarcação sob a linha de água, abrindo um rasgo com mais de 90 metros em seis compartimentos estaques da proa, que foram invadidos pela água.


Um dos construtores do Titanic, Thomas Andrews, que estava à bordo, calculou os estragos causados pelo choque e constatou que o navio tinha duas horas antes de afundar totalmente. Com a inclinação do navio, todos os compartimentos foram tomados pela água, tornando o naufrágio uma certeza matemática e inevitável. O capitão Smith ordenou aos radiotelegrafistas o envio de mensagens de socorro e iniciou os preparativos para que os passageiros abandonassem o navio nos barcos de salvamento. Entretanto, haviam apenas 20 botes que, em sua capacidade máxima, poderiam levar 1.178 pessoas. O número de barcos não foi maior porque os proprietários julgavam que colocar mais deles comprometeria a beleza e o conforto do Titanic.

O desespero de tentar se salvar fez com que os primeiros botes saíssem sem a sua capacidade total. Ao final, apenas 705 passageiros conseguiram se salvar. Às 2h20 da manhã do dia 15 de abril, o Titanic submergiu completamente. Os sobreviventes foram resgatados pelo navio Carpathia, da Cunard (que se transformaria na maior rival da White Star Line e a absorveria, tempos depois).


Como um gigante dos mares, construído com a mais alta tecnologia da época, pôde sucumbir nas águas do Atlântico Norte?
Historiadores tentaram responder a essa pergunta, recuperando os acontecimentos que levaram à tragédia do Titanic. Há diversas justificativas para a catástrofe como as condições desfavoráveis do tempo e os defeitos no design e na construção do navio.

A visibilidade dos icebergs localizados no Atlântico Norte foi prejudicada pelo rigoroso frio do inverno de 1912 e pela calmaria dos mares polares. Além disso, a falha de nenhum vigia possuir binóculos a bordo, a capacidade de a água passar facilmente de um compartimento ao outro - devido à baixa altura das divisões entre eles - e a fragilidade do aço utilizado na construção da estrutura do barco - que era o de mais baixa qualidade da época - facilitaram o choque com o iceberg.

Outros motivos salientados pelos historiadores que facilitaram a ocorrência da tragédia foram o despreparo da tripulação em situações de risco, a falta de testes do navio em sua velocidade máxima (40 km/h) e o fato de os operadores do rádio de transmissão ignorarem os avisos de outros barcos sobre a existência de geleiras no caminho.


A descoberta dos destroços

Em 1985, o explorador Robert Ballard encontrou o lugar do naufrágio do Titanic no fundo do Oceano Atlântico. O que restou do navio está localizado a mais de 3,5 quilômetros de profundidade, abaixo da ilha canadense de Newfoundland.

O Titanic tem se deteriorado com o passar dos anos - a maior parte da madeira, por exemplo, foi comida por moluscos. Entretanto, para o explorador marinho, as ações do homem têm acelerado ainda mais esse processo. As constantes viagens ao destroços do navio, com equipamentos e plataformas pesados, danificam sua estrutura. Além dos 'caçadores de troféus' que, desde a descoberta do local exato do naufrágio, já retiraram cerca de 6 mil objetos do fundo do mar.

Em 2001, no intuito de diminuir o impacto da ação humana na destruição do Titanic, a agência do governo norte-americano responsável pelo estudo dos oceanos aconselhou que as atividades de visitação e busca na área interagissem o mínimo possível com o navio e os artefatos que afundaram com ele.




OS GRANDIOSOS NÚMEROS DO TITANIC

  O Titanic tinha 270 metros de comprimento e pesava 46.329 toneladas
  O navio foi construído em quase 3 anos e custou aproximadamente 450 milhões de dólares

  2.227 foi o número de passageiros à bordo na viagem inaugural do navio

  A banda que tocou até o momento final do naufrágio era composta por 8 músicos

  Para a alimentação de todos os passageiros foram levados, entre outros alimentos, cerca de 40.000 toneladas de batatas, 3 toneladas de manteiga, 20.000 garrafas de cerveja e 15.000 garrafas de água mineral

  No dia da colisão, o comandante recebeu 6 mensagens de aviso de iceberg de outros navios

  O Titanic levava 3.560 coletes salva-vidas individuais e apenas 20 barcos

  A parte da frente do navio levou 6 minutos para ir do nível da água ao fundo do mar. A de trás submergiu em 12 minutos

  1.522 pessoas morreram na catástrofe



A VIAGEM

10 de Abril, Quarta-feira

7:30
        O Capitão Edward J. Smith sobe a bordo.
        O oficial chefe Wilde entrega o relatório de navegação.

8:00
        Toda a tripulação é passada em revista. É realizado um exercício com os botes salva-vidas. Infelizmente isto é feito somente em dois botes, o n.o 11 e 15 de estibordo.

9:30-11:00
        Barcos trazendo passageiros da segunda e terceira classe chegam e o passageiros começam a embarcar.

11:30
 Chegam os barcos com os passageiros da primeira classe provenientes de Londres.

12:00
        Logo após o almoço, a poderosas sirenes do Titanic são acionadas, avisando de sua eminente partida. Todos que não fazem parte da tripulação nem dos passageiros começam a desembarcar. Muitos passageiros nesta fatídica viagem deveriam estar a bordo do Oceanic e do Adriatic, mas foram transferidos para o Titanic devido a greve dos carvoeiros.

12:15
        As âncoras são levantadas e o grande navio parte das docas com a ajuda de rebocadores. Destino Cherbourg, França, seguindo então para Queenstown, Irlanda, de onde prosseguiria para Nova Iorque, com data de chegada prevista para a quarta-feira da semana seguinte, 17 de Abril, pela manhã.
        Durante a passagem corrente a baixo pelo rio Test, já sem ajuda dos rebocadores, o deslocamento de água casado pelo Titanic rompe as seis cordas de amarração do New York fazendo sua popa ir em direção do Titanic. Uma rápida ação de sua tripulação impede a colisão por apenas 1,2 m. Isto provoca um atraso de uma hora e junto com o incidente entre o Olympic e o Hawke indica a falta de familiaridade com navios deste tamanho por aqueles que o controlam.

13:00
        O Titanic reinicia sua viagem em direção a Cherbourg

16:00
       Barcos provenientes de Paris chegam a Cherbourg, onde é anunciado o atraso na chegada do navio.

17:30
        Finalmente o Titanic chega a Cherbourg, França, a apenas 38 km de distância através do Canal da Mancha. Os passageiros começam a ser embarcados nos barcos que os levarão ao Titanic.

18:30
        O Titanic ancora no porto de Cherbourg com todas as luzes acesas.
        22 passageiros embarcados em Southampton terminam aqui sua viagem. Alguma carga também é desembarcada.

20:00
        274 passageiros de Cherbourg já estão a bordo, e os barcos retornam para o porto.

20:30
        Titanic levanta âncora e parte para Queenstown, Irlanda, através do Canal da Mancha e ao redor da costa sul da Inglaterra, para pegar seus últimos passageiros.

11 de Abril, Quinta-feira de manhã 
        O Capitão Smith faz alguns testes de manobrabilidade.

11:30
        O Titanic baixa âncoras no porto de Queestown, a aproximadamente 3,2 km da terra firme.
        113 passageiro da terceira classe e 7 da segunda embarcam junto com 13485 sacos de correspondência.
        7 passageiros desembarcam levando para terra firme as últimas imagens conhecidas do interior do navio.

14:00
     Finalmente as âncoras são levantadas e o Titanic parte.
   A rota escolhida, entre Fasnet Light, ao sudeste da Irlanda, até Nantucket Shoals, na costa leste   norte-americana, era tida com a mais segura naquela época do ano.

11 a 12 de Abril 
        O Titanic percorre 778.75 km com tempo claro e limpo.
        Para passar o tempo alguns passageiros se divertiam dançando a o som da melhor banda do Atlântico, outros faziam apostas sobre a data de chegada. Ismay havia dito que seria na quarta-feira pela manhã, mas alguns oficiais diziam que terça-feira a noite seria mais provável.

12 a 13 de Abril 
(Última foto do Titanic antes do naufrágio)
        O Titanic percorre 835 km com tempo claro e limpo, mas avisos sobre gelo, comuns nesta época, são recebidos.
        Os passageiros reportam o mínimo de barulho ou vibrações no navio.

13 de Abril, 10:30 
       Aviso de grandes blocos de gelo é enviado pelo Rappahannock que foi danificado ao atravessar um campo de gelo.




A colisão

A bordo do Titanic, J. Bruce Ismay, Administrador e Diretor da White Star Line, urgiu fortemente para que o capitão aumentasse a velocidade do navio apesar do fato que era prática padrão manter as máquinas em marcha lenta, afinal das contas o navio era novo. Ismay estava ansioso em quebrar o recorde do Olympic afim de armazenar publicidade adicional. No sábado, 13 de abril, com 24 das 29 caldeiras acesas, Ismay foi escutado em conversação com o capitão onde falou sobre melhorar o desempenho do navio. Ismay declarou enfaticamente, "Você vê eles estão trancando a pressão. Tudo vai bem. As caldeiras estão trabalhando bem. Nós faremos melhor. Corra amanhã".

Domingo, 14 de Abril de 1912

9:00
        A primeira mensagem relatando a presença de gelo é recebida pelo Titanic proveniente do S.S. Caronia notificando a presença de campos de gelo em 42o N, de 49o a 51o W, avistados em 12 de Abril.
        Alguns passageiros notam blocos de gelo passando pelo navio ao longo da manhã.


10:30
        A missa dominical é realizada no salão de jantar da primeira classe.

11:40
        O vapor holandês Noordam relata a presença de muito gelo aproximadamente na mesma posição da relatada pelo Caronia.

12:00
        Na asa da ponte de navegação é medida a posição do navio com o sextante, e registrada a distância percorrida "546 milhas (878,6 km) desde o meio dia de sábado".

13:42
        S.S. Baltic envia a terceira mensagem recebida pelo Titanic avisando sobre icebergs e grande quantidade de gelo em 41o51' N e 49o52'W, 402.3 km à frente do Titanic.
        Cap. Smith passa a mensagem para Ismay, o qual a guarda. Posteriormente ele a mostraria para alguns passageiros.

13:45
        S.S. Amerika, da Alemanha, e o navio mais próximo de Cape Race, Newfoundland, envia a quarta mensagem recebida. Talvez a mensagem mais importante recebida, ela relatava a presença de dois grandes icebergs em 41o27'W e 50o8'W, observados no mesmo dia. Esta mensagem nunca chegou a ponte de comando, possivelmente Jack Philips, operador do telégrafo do Titanic, não teve tempo para enviá-la ao capitão pois o aparelho de telégrafo quebrou pouco após o recebimento desta mensagem, tendo Phillips e Bride, seu substituto, passado grande parte do dia consertando o aparelho.

17:50
        O Capitão Smith altera o curso do Titanic um pouco para sudoeste, talvez para evitar a presença de gelo.

18:00
        O segundo oficial Lightoller substitui o oficial chefe Wilde na ponte.

19:15
        O primeiro oficial Murdoch ordena o fechamento da escotilha do castelo de proa para que a luminosidade de dentro não interfira com os vigias no cesto da gávea.

19:30
        Chega a quinta mensagem, transmitida do S.S. Californian para o S.S. Antillian reportando a presença de três grandes icebergs ao sul de sua posição em 42o3'N e 49o 9'W, aproximadamente 80 km à frente do Titanic.
        A temperatura do ar é registrada como 0,5oC, 6 graus a menos que a registrada as 17:30.

20:40
        O segundo oficial Lightoller ordena um vistoria no suprimento de água fresca, uma vez que a água do mar está próxima da  temperatura de congelamento (da água doce).

20:55
        O capitão se retira após o jantar e vai até a ponte onde comenta como oficial de guarda, segundo oficial Lightoller, sobre o tempo calmo e a noite clara apesar da falta da lua, assim como a visibilidade de icebergs durante ume noite sem luar.
        O Titanic faz 22 nós com 24 de suas 29 caldeiras ativadas.

21:20
        O Capitão se retira para seu quarto, dando ordens para ser acordado se algo acontecer.

21:30
        Lightoller manda os vigias no cesto da gávea ficarem alertas para icebergs até a manhã.

21:40
        A sexta mensagem é recebida pelo Titanic proveniente do S.S. Mesaba relatando grande quantidade de gelo e grandes icebergs de 41oN a 41o25'N e de 49oW a 50o30'W, nas proximidades do Titanic.
        Novamente esta mensagem não chegou até a ponte. Supõe-se que Phillips estava muito ocupado trocando mensagens de passageiros com Cape Race para poder deixar a sala de telegrafo e levar a mensagem até a ponte.
        No total, seis mensagens alertam o Titanic da presença de um grande campo de gelo diretamente à frente.

22:00
        O primeiro oficial William Murdoch assume a guarda, dispensando Lightoller.
é feita a troca de vigias. Os que entram são informados que devem ficar atentos a icebergs.
        A temperatura do ar é agora de 0o C. o céu está sem nuvens e o ar está claro.

22:30
        A temperatura do mar é agora de -2oC

22:55
        O S.S.Californian, parado em um campo de gelo ao norte do Titanic envia a última mensagem recebida pelo Titanic. Phillips, operador de telegrafo do Titanic corta a mensagem do Californian, avisando que estava em contato com Cape Race.
        O operador do Californian continua a ouvir as mensagens do Titanic até as 23:30.

23:30
        O único operador de telegrafo do S.S. Californian, terminando seu serviço do dia, desliga seu equipamento e vai para a cama como de costume.
        Frederick Fleet e Reginald Lee, vigias da noite, assumem seus postos para observar o mar à frente e avisar a ponte de qualquer perigo iminente. Sem binóculos, eles se esforçam para poder visualizar qualquer perigo à frente quando eles notam uma indistinta cerração aparecendo diretamente à frente


23:40 
        Inesperadamente Fleet, observa uma grande forma escura indistinta elevando-se 18 metros acima da superfície e que ele reconhece como sendo a ponta de um iceberg a aproximadamente 460 metros diretamente a frente, e rapidamente toca o sino de aviso três vezes e imediatamente avisa a ponte, "iceberg diretamente a frente". O sexto oficial Moody na ponta recebe a mensagem e imediatamente a passa para Murdoch o qual ordena tudo a estibordo no timão enquanto pelo telegrafo de bordo ordena a parada seguida de reversão total dos motores.
        Irá levar ainda alguns segundos para o imenso navio iniciar sua curva à esquerda. Infelizmente, devido aos poucos testes realizados com o navio, não se sabia quanto tempo, nem qual a distancia necessária para que ele realizasse tal manobra.
        Após a proa virar dois pontos (10 graus), o iceberg atinge o navio diretamente a estibordo gerando um tremor sentido por todo o navio. Murdoch imediatamente fecha as portas a prova d'água abaixo da linha d'água fechando os compartimentos estanques e prendendo para sempre muitos trabalhadores no interior do Titanic.
        À 22 nós, a colisão dura apenas 10 segundos, mas o suficiente para a colisão causar sérios danos estruturais ao casco. No total foram apenas 32 segundos entre o avistamento e final da colisão
        O impacto é notado por vários passageiros como um tremor seguido por um rangido metálico.

23:41
        O Capitão chega a ponte onde recebe o relatório do acontecido.
        é ordenada parada total dos motores.

23:50
        10 minutos após a colisão a água já atinge 4 metros acima da quilha e inunda completamente todos os compartimentos danificados à exceção da casa de caldeiras número 5. O iceberg havia danificado o casco cerca de 3 metros acima da quilha e por uma distancia de aproximadamente 92 metros. A água entra rapidamente pelo porão de vante, pelos porões de carga 1, 2 e 3, e pelas salas de caldeiras 5 e 6, a qual apresenta 8 pés de água.
        Os motores são colocados em "à frente devagar".

Segunda-feira, 15 de Abril de 1912

00:00
        O Capitão chega a ponte onde recebe o relatório do acontecido.
        é ordenada parada total dos motores.
        A sala dos correios, 24 pés acima da quilha esta sendo alagada.
        As caldeiras são fechadas e o excesso de vapor escapa por válvulas de segurança no topo dos chaminés.

00:05
        O Capitão chama T. Andrews e ambos descem as conveses inferiores para verificar os danos. Não demora para Andrews perceber que a grande extensão dos danos condenou seu navio à morte e que logo este estaria sob as águas.
        Andrews calcula que restam apenas uma a uma hora e meia antes do fim. Este cálculo se baseia no fato de que com 5 compartimentos alagados, logo a água começará a transbordar por cima das anteparas alagando os compartimentos seguintes.
        é ordenado à engenharia "devagar à ré" com os motores.
        A quadra de squash, 9,7 metros acima da quilha começa a alagar.
        O capitão ordena ao oficial chefe Wilde que os botes-salvavidas sejam descobertos e preparados.

00:15
        O Capitão Smith ordena a Phillips que inicie o envio de pedidos de socorro. Este o faz inicialmente com o sinal padrão de socorro da época, CQD, seguido pelo código do Titanic, MGY, e pela localização estimada do navio, 41o46'N e 50o14'W.
        Os botes salva-vidas começam a ser preparados, e os passageiros são ordenados a irem para os conveses externos com coletes salva-vidas.
        A banda começa a tocar musicas alegres de ragtime na sala de estar da primeira classe do convés A, se dirigindo posteriormente ao convés de barcos, próximo à entrada de bombordo da grande escadaria.

00:18
       O vapor alemão Frankfort é o primeiro navio a responder aos pedidos de socorro, seguido pelo canadense Mt Temple, pelo Virginian e pelo russo Burma.


00:20
São dadas ordens para os passageiros começarem à entrar nos botes salva-vidas.
O Titanic começa a apresentar uma inclinação e sua proa inicia seu mergulho na água gelada.

00:25
        O S.S. Carpathia, que se dirigia de Nova Iorque a Liverpool, é é finalmente contactado a 94 km de distância. Arthur H. Rostron capitão do Carpathia, imediatamente altera seu curso e ruma a máxima velocidade para o Titanic. Sua velocidade máxima de 17,5 nós permite que ele chegue ao local apenas 4 horas após receber o pedido de socorro.
        Os botes salva-vidas começam a ser baixados sob grande desorganização devido ao alto ruído do vapor das caldeiras sendo liberado. Lightoller, segue fielmente as ordens de embarcar apenas mulheres e crianças, enquanto que Murdoch permite que, após todas a mulheres e crianças sozinhas terem embarcado, casais embarquem seguidos por homens solteiros.


00:34
       O Frankfort avisa que está a 241 km de distância. O Olympic, irmão gêmeo do Titanic é contactado a 805 km de distância.

00:45
        Bride sugera a Phillips que este mude para o novo sinal de socorro, S.O.S sendo esta a segunda vez que este sinal foi utilizado.
        Na ponte, a visão de luzes de outro navio no horizonte faz com que o quarto oficial Joseph G. Boxhall, inicie o lançamento de foguetes de sinalização na esperança que algum o navio próximo os veja. Os foguetes continuam a ser lançados até 1:45 num total de oito. A luz de sinalização do Titanic também é acionada.
        O navio visto chega a se aproximar do Titanic o suficiente para que suas luzes de navegação sejam vistas. Em seguida ele muda de curso e se afasta.
        O primeiro bote salva-vidas (no 7, estibordo) é descido com apenas 27 pessoas. A falta de treinamento e conhecimento da tripulação faz com que estes temam que, se os botes forem descidos cheios, eles possam virar.
        O bote no 4, bombordo, começa a ser carregado.

00:55
        O bote no 6, bombordo é descido com 28 pessoas a bordo, incluindo Molly Brown e o Major Peuchen.
        O bote no5, estibordo, é descido com apenas 41 pessoas. O quinto oficial Lowe ordena que J. B. Ismay se afaste pois este esta atrapalhando seu trabalho.

1:00
        O bote salva-vidas no 3, estibordo, desce com 32 pessoas, sendo 11 tripulantes. Este foi o 4o bote a ser descido.

1:10
        O bote de emergência no 1, estibordo, desce com somente 12 pessoas incluindo Sir Cosmo e Lady Duff Gordon e 7 tripulantes. Este foi o 5o bote a ser descido.
        O bote no8 de bombordo é descido com 39 pessoas.

1:15
        A inclinação do convés fica maior. São dadas ordens para que os botes salva-vidas sejam descidos mais cheios. Thomas Andrews exerce importante papel ajudando a descer os botes e fazendo com que eles sejam devidamente cheios.
        A água já atinge o nome do Titanic pintado na proa. O Titanic começa a de inclinar para bombordo.

1:20
        O bote no 10 desce com 47 pessoas. Uma forte inclinação para estibordo é notada.

1:25
        O bote no 16 de bombordo é descido com 42 pessoas.
        Desce o bote no 14 com 60 pessoas à bordo, incluindo o quinto oficial Lowe, o qual é forçado a disparar três tiros para o ar a fim de evitar que outros passageiros pulem no bote já cheio.

1:30
        O pânico começa a se formar entre o passageiros ainda à bordo.
        Os pedidos de socorro começam a indicar sinais de desespero como " estamos afundando rápido" e "mulheres e crianças nos botes. Não podemos durar muito mais".
        Ben Guggenheim e seu criado colocam suas roupas de noite sob o argumento de que "Nós nos vestimos com nossa melhor roupa e estamos preparados para afundar como cavalheiros".
        Descem os botes nos 9 e 12.

1:35
        Desce o bote no 11.

1:40
        A maioria dos botes à vante já foram descidos, os passageiros buscam os botes à ré.
        O bote desmontável C desce com 32 pessoas, incluindo J. Bruce Ismay, sendo este o último bote de estibordo a ser descido.
        O bote de estibordo no 13 desce com 54 pessoas, principalmente da segunda e terceira classe. Logo após é descido o no 15 com 57 pessoas. Este bote quase colide com o no 13 que estava diretamente abaixo.
       é lançado o ultimo foguete sem que se consigua contato com o navio visto.

1:45
        O bote de emergência no 2 desce com 20 pessoas. Este foi o 15 o bote a ser descido.
        As ultimas palavras ouvidas do Titanic pelo Carpathia "sala de maquinas e caldeiras alagadas".

1:50
        O bote salva-vidas no 4 desce com 34 pessoas. Este foi o 16o bote a ser descido. J.J. Astor é proibido de entrar junto com sua esposa.

2:00
        A água já está a 3 metros abaixo do convés A.
        O chefe da banda, Wallace Henry Hartley, começa a tocar " Mais perto de Ti Senhor", o qual ele dizia que seria o hino de seu funeral.
        Para manter o controle durante o lançamento do desmontável D, Lightoller agita sua pistola no ar (possivelmente atira) e os membros da tripulação formam um circulo ao seu redor para garantir que somente mulheres e crianças entrem neste bote.

2:05
        Desce o desmontável D com 44 pessoas, o último bote salva-vidas a ser descido. A inclinação do navio fica maior e a água já atinge o convés A.
        Aproximadamente 1.500 pessoas ainda estão a bordo.
        O castelo de proa esta totalmente submerso e a inclinação dos conveses fica maior.
        O Capitão Smith libera Phillips e Bride de suas funções dizendo que "Homens, vocês fizeram tudo que podiam. Vocês não podem fazer mais nada. Abandonem sua cabine. Agora é cada homem por si mesmo.". Phillips continua a enviar pedidos de socorro por mais alguns minutos.
        Ao caminhar para a ponte, ele repete para vários tripulante que "é cada homem por si mesmo". Possivelmente seus últimos pensamentos forma sobre sua Eleanor e sua filha Helen.
        A banda toca "Outono".

2:10
        Phillips envia o último pedido de socorro.
        Thomas Andrews é visto sozinho na sala de fumantes da primeira classe olhando o vazio.

2:15
        A ponte mergulha na água que começa a tomar o convés de botes. O movimento para frente do Titanic gera ondas que varrem o convés. Uma delas joga Murdoch dentro da água onde ele vem a morrer afogado ou esmagado pelo chaminé 1 que cai logo em seguida.

2:17
        A popa está completamente fora d'água, e a forte inclinação faz com que o primeiro chaminé caia para frente, matando muitas pessoas que se encontravam na água. O bote desmontável B é carregado para fora pela água.
        A proa mergulha em direção ao fundo enquanto centenas de passageiros da 2a e 3a classe ouvem o padre Thomas Byles reunidos no final do convés de botes.
        Muitos passageiros e tripulantes pulam para fora do Titanic.
        O desmontável A flutua livre para fora com o fundo virado para cima e perigosamente sobrelotado. Lowe no bote 14 os resgata antes do amanhecer, embora possivelmente metade das pessoas a bordo tenha morrido durante a noite e caído na água.
        A banda para de tocar

2: 18
        As luzes piscam e se apagam definitivamente.
        Um grande barulho é ouvido enquanto os objetos soltos do interior do navio caem em direção à proa.
        A grande tensão no casco quebra o Titanic em dois. A popa retorna a sua posição horizontal e , puxada pela proa, sobe rapidamente no ar até ficar completamente perpendicular.

2:20
        A inclinação da popa diminui conforme o Titanic desaparece sob as águas do Atlântico Norte. Muitas pessoas ainda se mantém vivas boiando na superfície, seus gritos de angustia diminuindo lentamente até se transformarem em um longo e contínuo canto de lamentação.
        Misericordiosamente em pouco menos de 10 minutos a morte por congelamento os atinge, poupando-os do afogamento.
        Após unir os botes 4,10, 11 e o desmontável C e passar os sobreviventes do bote 14 para estes outros, o quinto oficial Harold Lowe retorna para procurar por sobreviventes. Mas chega tarde e somente 6 pessoas são encontradas ainda vivas, Jack Stewart, camareiro, William F. Hoyt, da primeira classe e um homem japonês da terceira classe. William F. Hoyt viria a falecer em seguida.
        Mais tarde o bote n.o 12 é sobrecarregado com 70 pessoas provenientes de outros botes.

3:30
        Os foguetes de sinalização do Carpathia são vistos pelos botes salva-vidas.


4:10
        O primeiro salva-vidas, o no 2, chega ao Carpathia.
        Gelo e destroços se misturam na água no local do naufrágio.

5:30
        Após ser avisado pelo Frankfurt do desastre, o Californian se dirige para o local onde chegará três horas após.

5:30 a 6:30
        Os sobreviventes do desmontável A são resgatados pelo bote 14, e os do desmontável B pelos botes 4 e 12.

8:30
        O último bote salva-vidas (no 12) é pego. Lightoller é o último sobrevivente a entrar no Carpathia.
        O Californian chega próximo ao Carpathia, e se dirige para o local do naufrágio para procurar por mais sobreviventes, mas não há mais ninguém a ser salvo.


8:50
        O Carpathia parte para Nova Iorque com 705 sobreviventes. é estimado que 1523 pessoas perderam a vida na tragédia.
        Pelo telegrafo do Carpathia, J. B. Ismay envia a seguinte mensagem para os escritórios da White Star em Nova Iorque:
"Com profundo pesar aviso-os que o Titanic afundou esta manhã após colidir com iceberg, resultando em séria perda de vidas. Mais detalhes depois."




DEPOIS DO ACIDENTE

17 de Abril
        A White Star contrata o Mackay-Bennet em Halifax para procurar por corpos na área do desastre.

18 de Abril, 21:00
        O Carpathia e os sobreviventes do Titanic chega à Nova Iorque.
Conforme ele passa pela Estátua da Liberdade, 10.000 pessoas então presentes para esperar.
Ele passa pelo pier 45 da Cunard e segue rio acima para o pier da White Star, onde os botes do Titanic estão pendurados em seu lado são descidos. Em seguida ele ruma para o pier da Cunard para que os sobreviventes desçam.
Dezenas de repórteres estão no aguardo de notícias.

19 de Abril
        é iniciado o inquérito pelo Senado dos Estados Unidos sobre o desastre. O Senador William A. Smith é o presidente.
São ouvidas 82 testemunhas.

22 de Abril
        O Minia se junta ao Mackay-Bennet na busca de corpos.

24 de Abril
        Quando o Olympic está para sair de Southampton, seus foguistas entram em greve exigindo botes salva-vidas suficientes. 285 membros da tripulação abandonam o navio e a viagem é cancelada.

2 de Maio
        é iniciado o inquérito da Câmara do Comércio da Inglaterra. 96 testemunhas são chamadas.

6 de Maio
        A White Star envia o Montmagny, de Sorel, Quebec, para ajudar a procurar por corpos

15 de Maio
        O Algerine é enviado para procurar mais corpos.

25 de Maio
        é encerrado o inquérito do senado americano.

12 de Junho
        São encerradas as buscas por corpos. As últimas vítimas são enterradas em Halifax.

3 de Julho
        é encerrado o inquérito da Câmara do Comércio da Inglaterra.
        No total foram feitas 25.622 perguntas para as 96 testemunhas. Destas apenas três eram passageiros to Titanic, Sir Cosmo Duff Gordon e esposa e J. B. Ismay.
        Foram também chamado o inventor do telégrafo sem fio, Sr. Marconi, e o explorador Sir Ernest Shackleton para dar testemunho sobre o gelo e "icebergs".
        O capitão Lord do Californian é chamado para responder 1.600 perguntas.
        Membros da tripulação, os proprietários do navio e membros da Câmara do Comércio da Inglaterra também são chamados.
        O veredicto final recomenda que existam mais compartimentos à prova d'água em navios transatlânticos, botes salva-vidas para todos a bordo e melhores vigias.




Os mortos

Na quarta-feira, dia 17 de abril de 1912, o MacKay-Bennett partiu para procurar pelos corpos dos mortos, mas, devido ao mau tempo e nevoeiros, ele chega ao local do acidente apenas sábado à noite. O mar estava cheio de destroços, e os primeiros corpos começaram a ser avistados.

        No domingo começam a ser recolhidos os corpos para bordo. Muitos estavam desfigurados além de qualquer reconhecimento, enquanto outros pareciam apenas estar dormindo. Mães foram encontradas abraçadas a suas crianças, e vários outros abraçados a objetos flutuantes encontrados. Eles eram numerados e identificados quando possível.

       Foram encontrados 306 corpos pelo MacKay- Bennett, 116 deles, que não puderam ser identificados foram enterrados no mar, embora os corpos de passageiros da primeira classe fossem todos mantidos a bordo independente de sua condição.

        Os corpos foram desembarcados em Halifax, e o processo de remoção pelos parentes se iniciou. Muitos nunca foram identificados ou reclamados, sendo enterrados em Halifax de acordo com sua suposta religião.

        As buscas continuaram até 12 de junho, quando foram enterrados as últimas vítimas em Halifax.

        Além do MacKay-Bennett outros três navios participaram das buscas, o Minia, o Montmagnye o Algerine. Foram achados no total 328 corpos das 1522 vidas perdidas. Possivelmente muitos deste ficaram presos no interior do navio, enquanto outros que estavam sem colete salva-vidas foram puxados para o fundo conforme o Titanic afundava.

        Atualmente, dada as condições na qual o Titanic se encontra e o tempo transcorrido desde o acidente, não é possível que possam existir restos das pessoas a bordo, tendo os corpos se decomposto completamente.


Resultados

Após o acidente, vários efeitos foram sentidos na sociedade e no modo de pensar da época, alguns foram imediatos, outros demoraram mais tempo para serem sentidos. Os principais deles foram:

- Alteração do curso dos navios.
        A rota seguida pelo Titanic foi alterada em 176 quilômetros para o sul logo após o acidente, sendo alterada posteriormente para 434 quilômetros ao sul da rota seguida pelo Titanic, aumentando o tempo da viagem em 14 horas.

- Alteração no número de botes salva-vidas.
        Embora o Titanic levasse mais botes salva-vidas que o exigido pela lei inglesa, segundo a qual navios de mais de 10,000 toneladas deviam levar no mínimo 16 botes salva-vidas, ficou claro que esta lei devia ser alterada.
        Em 1914, foi feito um tratado internacional segundo o qual todos os navios deveriam levar botes suficientes para todas as pessoas a bordo, exercícios deveriam ser feitos e a tripulação deveria ser treinada devidamente. Foi também decidido que deveria haver o monitoramento por telegrafo de todos os navios de passageiros, assim como a construção de fundo duplo e compartimentos estanques em todos os navios.

- Patrulha do Gelo.
        Logo após o naufrágio, foi iniciado um monitoramento dos icebergs para que sua localização fosse conhecida por todos os barcos atravessando o Atlântico do Norte. Posteriormente, no tratado de 1914, foi formada a patrulha do gelo, com a função manter permanentemente este patrulhamento, assim como desenvolver pesquisas sobre o comportamento do gelo em altas latitudes.

- A Importância do Radio.
        O uso do telegrafo para ajudar navios em perigo já era conhecido, e foi novamente demonstrada sua utilidade no acidente do Titanic. Embora somente as pessoas nos botes salva-vidas pudessem ser salvas, se não houvesse telegrafo a bordo, muitos destes não teriam sobrevivido ao período após o naufrágio.

- As Diferenças Sociais.
        O naufrágio evidenciou as diferenças sociais da época. Não somente pelos números de sobreviventes das diferentes classes, mas pela forma diferenciada com que foram tratados após chegar em Nova Iorque, quando toda a atenção de voltou para os sobreviventes da primeira classe, ficando os da terceira classe completamente ignorados. Mesmo nas descrições do naufrágio, estes foram vítimas de forte discriminação, sendo apontados como autores de atos de covardia, por tentarem se salvar a todo custo, enquanto que os cavalheiros da primeira classe foram vistos como herois. Infelizmente demorou ainda muito tempo para que estas desigualdades fossem levadas à sério.


Fonte: TITANIC SITE

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A última sobrevivente do naufrágio do Titanic, Millvina Dean, morreu no dia 31 de maio de 2009, em um asilo de Hampshire, no sudeste da Inglaterra, aos 97 anos.
Ela tinha apenas 9 semanas de vida quando o navio afundou, depois de se chocar contra um iceberg no dia 15 de abril de 1912, e era a mais jovem passageira a bordo.


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